segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Deixa-me ser.


“Eu prefiro tê-la beijado uma vez, tê-la sentido uma vez, do que passar uma eternidade sem saber o que é isso. Quando me perguntarem do que mais gostei vou dizer a eles que foi de você.”

- Cidade dos Anjos.

A lua brilhava com majestade no céu, incidindo a luz no olhar daquela moça. Estar deitada ali não facilitava muito, já que até o luar a fazia lembrar... Mas ela não parecia se importar com isso, afinal, todas as outras coisas pareciam fazer o mesmo. Tudo a fazia lembrar. Resolveu sentar-se. Abraçou os joelhos e descansou a cabeça sobre eles, ela sentia frio e sua pele estava arrepiada, ouvia o som das folhas da árvore ao seu lado, que dançavam com o vento, era final de primavera. Perdida em seus devaneios, a menina não saberia dizer o tempo exato que estava ali, mas pensou ser muito. Algo a incomodava e ela não sabia bem o que, aquilo aumentava ainda mais a sua angústia.

Culpava-se por ter se deixado apaixonar, estava tão acostumada a não sentir mais nada, a ser sempre indiferente em seus relacionamentos, que se esquecera do quão agoniante era a sensação de gostar de verdade de alguém. Depois de tantas decepções, ela deixou que um muro fosse erguido em seu coração; desde então sua autodefesa sobressaia sua vontade de amar.

Antes de se machucar, ela machucava. Antes de ser traída, ela traía. Aprendeu a fugir antes que fosse amada.

Mas tudo era tão diferente agora que estava apaixonada, a moça pensava. Sentia-se tão boba e vulnerável, que – tinha que confessar – estava feliz. Não lembrava quando tinha tido aquela reação de todo o corpo em movimento apenas por um olhar: Coração acelerado, mãos suando, respiração ofegante. Isso tudo a deixava feliz. Extremamente feliz. E vai ver era esse o problema... Para aquela moça, era 8 ou 80. Sentindo-se assim, ela tomava atitudes muitas vezes precipitadas, correndo grande risco de afastar a pessoa dos seus braços, de assustá-la. E, quando ela percebia que isso estava acontecendo, lá estava ele de novo: o muro. Todas as vezes que reagiam mal às suas demonstrações de sentimento, ela bloqueava o que sentia. E não queria que fosse assim dessa vez... Não quer que seja.

Deitou-se novamente. Somente quando a lua refletiu em seus olhos outra vez é que percebeu que a sua maior vontade agora era de envolvê-lo nos braços. O vento soprou uma pétala no seu rosto, a moça suspirou, virando-se de lado e, sem nenhum tom de cobrança, sussurrou:

- Fica comigo, eu preciso de você.