Por favor, fique mais.
"Quero brincar no teu corpo
Feito bailarina
Que logo se alucina
Salta e te ilumina
Quando a noite vem...
Feito bailarina
Que logo se alucina
Salta e te ilumina
Quando a noite vem...
E nos músculos exaustos
Do teu braço
Repousar frouxa, murcha
Farta, morta de cansaço"
Do teu braço
Repousar frouxa, murcha
Farta, morta de cansaço"
(Tatuagem - Chico Buarque)
Os primeiros
pingos de chuva tocaram minha pele ao mesmo tempo em que uma onda tímida e
lentamente se aproximava dos meus pés. O mar estava frio, e senti os pêlos do
meu corpo se eriçarem. Quando estiquei os braços apoiando-os na areia e ergui a
cabeça em direção ao céu, um pensamento veio a ela – Será que existe alguém
olhando para mim? – bobagem – pensei - Deus provavelmente estaria entediado
observando este cenário.
Tive um
sobressalto quando outra onda, dessa vez muito maior, encobriu meus pés. Levantei-me
e caminhei até o píer, ele oferecia a melhor vista da praia, mas hoje tudo
estava cinza. Começou a chover mais forte. Engraçado, não era a primeira vez
que vinha aqui em tempos de chuva, mas foi a única em que senti o quanto a
solidão do mar era melancólica e contagiante. O céu nublado, a areia alva não
tinha nenhuma de suas crianças e castelos, e ele lá, sozinho. Simplesmente como
eu. Estremeci ao perceber a semelhança enquanto fitava o horizonte.
O barulho do
vento era incessante, tornando impossível distinguir se os arrepios que sentia
eram por frio ou medo... sim, aquela era uma cena quase macabra: eu na beira do
píer de uma praia vazia, o céu escuro, e o ruir do vento. Uma mecha de cabelo
molhada ricocheteou e grudou em meu rosto, ao afastá-la com a ponta dos dedos
senti a presença de alguém atrás de mim. Não me virei, pois sabia quem era. Uma
já conhecida sensação percorreu todo o meu corpo, e eu pude sentir seu abraço
carinhoso quando ele passou as mãos em volta da minha cintura e me acolheu, fechei
os olhos em meio a um longo suspiro. Naquele momento o motivo que me levou a
caminhar na praia em meio a tempestade havia se tornado uma vaga lembrança. Seu
corpo quente contra minha roupa molhada quase me causou um choque térmico, e eu
pude, enfim, relaxar... nada mais importava. Agora eu estava nos braços da paz.
Ai, que fofo!
ResponderExcluirNem sei o que dizer direito... Essa imagem de mar revolto em meio a tempestade realmente nos remete à sensação de tristeza e solidão. Consegui imaginar o cenário direitinho, mas o que mais gostei foi do final. Nada como a presença de quem amamos para nos alegrar. Muito lindo, parabéns!
Beijos,
Isie (Daíse).
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirLindo rafa! Suas descrições estão intensas! Parabéns.
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